O blog

Amigos,

Resolvi criar um blog para colocar todas as matérias que achar interessante nesse louco e grande mundo da web.

A idéia é que seja sobre assuntos diversos; pode ser política, economia, música, arte, viagem, enfim, o que for interessante e é claro que quero muitas participações, opiniões, é para falar mesmo.

Para facilitar o acesso, separei os assuntos em diversas páginas para futuras consultas, embora tudo que foi postado possa ser encontrado pela categoria, a esquerda tem uma relação de categorias.

Para falar comigo podem mandar email  : marciasilva65@gmail.com

Então vamos começar...

Se me saísse a loteria….

Título passado para o português falado no Brasil

do blog cheira-me a revolução

Foi durante um jantar. Alguém se pôs a sonhar alto com o que faria caso ganhasse a Lotaria ou o Euromilhões. Casa, carro, férias, trabalhar menos, oferecer uma dentadura à mãe… E quando chegou a vez de um comunista dizer o que faria a tanto dinheiro, alguém diz

Ahhh!, tu não podes [ser rico], és comunista.

É tão frequente, que tenho uma frase pronta para responder em situações semelhantes. Respondi algo como isto:

Nós, comunistas, nada temos contra o ser-se rico, mas antes, com a forma como se fica rico: se por via da exploração de outra pessoa, ou se por via do próprio trabalho.

E, para que fique claro e rasgue com o preconceito, declaro

Adoraria ser rico.

A surpresa levanta a curiosidade, e lá tento explicar-me, dizendo entre muitas outras coisas que a separação mais importante não é entre pobres e ricos, mas entre explorados e exploradores. Mas assim que se usa o termo exploração surge um novo desafio.  É comum pensar-se que a exploração é um conceito meramente subjectivo, isto é, que se é ou não explorado caso se ache bem ou mal remunerado (!). Tinha que me fazer compreender melhor…

Entretanto, a televisão falava da guerra – a desgraça continua – mas o que capta a atenção dos presentes é o jantar estar insonso. Tento explicar aos mais curiosos de onde provem então a exploração (e que afinal de contas a exploração é algo objectivo, isto é, que existe para além de nós).

Não deu para explicar. Afinal, o jantar estava insonso. Isso tornou-se o mais importante. Mas, mais tarde, quase todos os presentes revelaram sentir que não eram remunerados devidamente. Era isso que lhes tinha tentado dizer, mas por outras palavras. Ali, naquele jantar, todos pertencíamos aos explorados, quer soubéssemos ou não disso.

Neste mundo, a exploração está sempre ai, quer se tenha consciência ou não dela. Quer alguma vez se tenha ouvido falar em conceitos de economia como Mais-Valia, ou não. E era este o conceito que queria ter chegado a mostrar. Fica para uma próxima, quando estiverem mais interessados nisto:

Era só pôr sal.

# por Bruno (do colectivo Leitura Capital)

Quantas Mentiras contaram…

Não é meu jeito, nem costumo ler estas coisas que reproduzo abaixo, mas este texto recebi por email de uma camarada e gostei muito, pois é a pura verdade para as mulheres.

A pressão da sociedade é muito grande conosco e quando vemos estamos fazendo tudo que falamos que somos contra, e haja creme no rosto, e qual mulher já não pensou em uma lipo ou um mini lifting para tirar as rugas? sejamos sinceras, agora com os 40  eu penso mesmo!

Então boa leitura de Danuza Leão :

Quantas Mentiras contaram…
POR DANUZA LEÃO
Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo começa a acreditar e, ainda por cima, a se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidades.

Uma das mentiras:

É a que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante.

É muito simples: não podemos.

Não podemos; quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante.

Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma idéia sobre a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimida porque não teve tempo de fazer uma escova?

Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres – e os maridos – de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo de fazer – sem esquecer as flores e as velas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele toque de glamour
fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos.

Ah, quanta mentira!

Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha; não à que faz de conta que trabalha, mas à que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre maquiada; mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour – aquele – das executivas da Madison.

Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Mas ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe a guerra já está perdida.

Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes – aqueles que enlouquecem os homens – precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro.

Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma massagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo para fazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada – o que também custa dinheiro.

É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai ao toalete – um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para uma happy hour…

Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus elevadores e de seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao infinito; não há auto-estima feminina que resista quando elas se olham nos espelhos desses recintos.

Felizes são as mulheres que têm cinco minutos – só cinco – para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto ou bege, para que tudo combine sem que um só minuto seja perdido.

Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quando chegam em casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender por que elas estão agressivas, por que o rendimento escolar está baixo.

E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver. Segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.

Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade. impossível, eu diria.
Parabéns para quem consegue fingir tudo isso!

Danuza Leão

Uma tese é uma tese

Aos  amigos e leitores

Quando fazia mestrado me mostraram esta matéria, não me achei muito representada nela, mas agora…………..

Parece que o Mario Prata me conheceu, ante viu o que passaria, sentia, inclusive até com meu filho, as brigas para ele nem se aproximar do computador, e eu é que estou usando o dele, o meu pifou, coisas de quem faz tese .

Resolvi publicar aqui pois muitos amigos e familiares sei que lêem meu blog, é uma forma de me desculpar com todos e prometer que depois da tese eu apareço.

abraços

Márcia

MARIO PRATA

Quarta-feira, 7 de outubro de 1998 CADERNO 2
Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca.

As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte.

O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre – sempre – uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo.

São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?

Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.

Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo pára, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta.

E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo.

Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser – tem de ser! – daquele jeito. É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290. Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.

Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para nós, pobres teóricos ignorantes que não votamos no Apud Neto.

Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?

Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é isso?

E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza. Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese.

Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou:

– Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.

Os dois pararam – momentaneamente – de pensar nas teses.

– O quê? Pirou?

– Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?

Pensando bem, até que não é uma má idéia!

Quando é que alguém vai ter a prática idéia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história?

Acho que seria uma tesão.

Copyright 1998 – O Estado de S. Paulo

Conto de fadas para nós, mulheres do século 21-ADOREI !!!!

Amigos,

Acabei de receber por email estes dois contos de fada e como gostei muito resolvi compartilha-los, contudo com não é meu hábito o uso de palavras vulgares, peço desculpas mas é muito bom mesmo.

Os dois menores e MELHORES contos de fadas do mundo…
1. Conto de fadas para mulheres do séc. 21 Era uma vez uma linda moça que perguntou a um lindo rapaz:
– Você quer casar comigo?
Ele respondeu:
– NÃO!
E a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu
muitos outros rapazes, visitou muitos lugares, foi morar na praia,
comprou outro carro, mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e de bom
humor, nunca lhe faltava nada, bebia cerveja com as amigas sempre que
estava com vontade e ninguém mandava nela.
O rapaz ficou barrigudo, careca, o pinto caiu, a bunda murchou, ficou
sozinho e pobre, pois não se constrói nada sem uma MULHER.
FIM!!!

2. Conto de fadas para mulheres do séc. 21
Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa independente e
cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em
como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.
Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
-Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre…
E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée,
acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho
branco, a princesa sorria e pensava: -Nem fo…den…do!

(Luís Fernando Veríssimo)

Uma viagem pode mudar sua vida

do blog do Ramon,

As imagens  deste post dizem tudo.

Concordo com o slogan da matéria pois dependendo de como vamos para uma viagem, abertos para olhar outra cultura sem preconceito, aprender a observar , podemos ter uma mudança pessoal, com uma nova forma de ver o mundo e assim, querer transformá-lo.

Valeu o achado RAmon.

O texto do carimbo diz: “uma viagem pode mudar sua vida.”
Surrupiado do Blog do Diniz Sena.

Preciso de ajuda dos leitores

Gente,

SOS, como podem perceber na página de culinária só tem uma receita, a do bolo de caneca .

Como eu não cozinho,  e a proposta aqui é só receita que eu possa fazer no dia a dia , tem que ser rápida e prática.

Já estão me perguntando se aqui em casa só comemos bolo rs rs rs.

Quem tiver receita fácil me mande, ajude a construirmos socialmente um livro de receitas.

abraços

Fotos do 10º encontro dos Partidos comunistas e operários

Pessoal ,

eu vi mesmo, e estão lindas as fotos, no BLOG do Osvaldo Bertolino, dêem um pulo lá para ver como foi o encontro.

Têm também as fotos do ato político , no dia 22 de novembro em São Paulo, em solidariedade a América Latina, com a presença da Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz.

Abraços

Vídeo sobre desigualdade

É mais um entre tantos vídeos que se produz.

É mais um vídeo que mostra o que já sabemos.

É mais um vídeo que mostra pobreza e riqueza, fome e fartura, mas até quando vamos ficar olhando vídeos e achar que isto é normal !

Até quando ? 

A barbarie já chegou , está batendo em nossa porta, só você ainda não percebeu.

 Parece piegas o que estou falando, é a fala de mais uma, mas vamos divulgar,  quem sabe………….

Minha vida com a tese

Nunca li algo que traduz tanto minha realidade atual como este texto do Mario Prata, publicado em 1998, no jornal estado de São Paulo.

Quando fazia mestrado me mostraram pela primeira vez o texto mas naquela altura ainda não tinha uma minha vida acadêmica que me identificasse de tal forma com o escrito.

Que coisa !  acho que este “ritual de passagem”  deixa umas marcas parecidas nas pessoas que por ele passam pois eu me vi no texto, e quem tiver escrevendo sua tese, acho que o sentimento não será muito diferente.

segue abaixo o texto, que seria engraçado se não fosse trágico rs rs rs

abraços

Uma tese é uma tese

MARIO PRATA

Quarta-feira, 7 de outubro de 1998 CADERNO 2

Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca.

As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte.

O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre – sempre – uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo.

São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?

Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.

Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo pára, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta.

E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo.

Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser – tem de ser! – daquele jeito. É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290. Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.

Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para nós, pobres teóricos ignorantes que não votamos no Apud Neto.

Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?

Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é isso?

E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza. Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese.

Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou:

– Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.

Os dois pararam – momentaneamente – de pensar nas teses.

– O quê? Pirou?

– Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?

Pensando bem, até que não é uma má idéia!

Quando é que alguém vai ter a prática idéia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história?

Acho que seria uma tesão.

Copyright 1998 – O Estado de S. Paulo

 

CTB e o Centro de Estudos Sindicais – CES firmam convênio para a realização de formação política e sindical

Está no portal vermelho de hoje,

Quem me conhece já sabe que ao ler esta matéria hoje meu domingo já ficou mais feliz.

A formação política, principalmente da classe trabalhadora, é uma coisa que considero fundamental para o entendimento da conjuntura ideo-politica, e assim possibilitar uma melhor intervenção do trabalhador no meio onde atua, contribuindo desta forma para seu crescimento pessoal e dos companheiros que convivem no seu dia a dia.

Ontem , neste blog dei os parabéns pelo primeiro curso de formação que a CTB (Central dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil) em conjundo com o CES (Centro de estudos Sindicais) realizaram em Porto Alegre esta semana.

Hoje, leio a matéria que segue abaixo, que prevê uma formação nacional em torno de 1.500 sindicalistas . Só tenho a dar mais parabéns pela iniciativa da CTB e do CES e falar:

CONTEM COMIGO PARA O QUE FOR PRECISO.

segue a matéria do VERMELHO:

29 DE NOVEMBRO DE 2008 – 17h23

O processo de formação sindical na Central dos Trabalhadores do Brasil

por Augusto César Petta*

Há três meses reencontrei-me com um dirigente sindical que conheci nos anos 80, época de grande mobilizãção do sindicalismo brasileiro, e perguntou-me o que eu estava fazendo e eu disse que hoje minha atividade principal referia-se à formação política e sindical.

É preciso estudar!

Ele imediatamente demonstrou uma certa descrença nesse trabalho dizendo: ”Petta, você continua batendo na mesma tecla de que iremos mudar o mundo? Você ainda não percebeu que as pessoas não têm interesse em grandes análises, pois hoje predomina o pragmatismo?” Eu procurei explicar que era importante que os sindicalistas, além da prática, também se dedicassem ao estudo e que fizessem cursos, participassem de debates, de seminários. Meu interlocutor disse que ele não precisava disso, em função da participação de quase 30 anos no movimento sindical. Admitiu que talvez o processo de formação fosse adequado para atingir os mais jovens, os que estão iniciando a participação nas entidades sindicais. Com calma disse a ele que o processo de formação deve ser contínuo e que deve atingir a todos, independentemente da idade, do tempo de participação no movimento sindical, do nível de conhecimento adquirido.

Convênio CTB e CES

É com esse entendimento – de que todos os dirigentes sindicais precisam estudar, compreender com maior profundidade a realidade em que atuam, aprofundar seus conhecimentos sobre os mais diversos temas da realidade social, política e econômica – que a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB e o Centro de Estudos Sindicais – CES, firmaram recentemente um convênio que prevê a realização de várias atividades de formação política e sindical. O convênio terá a duração de um ano e pretende atingir mais de 1500 sindicalistas em todo o Brasil e será implementado pela Secretaria de Formação e Cultura da CTB dirigida por Celina Areas que também é diretora do Sinpro Minas e da Contee e pelo CES dirigido pela diretora do Sindicato dos Farmacêuticos de São Paulo, Gilda Almeida.

Cursos centralizado e descentralizados

Haverá um curso centralizado a ser realizado no início de 2009, destinado aos dirigentes nacionais da CTB e das Confederações que tratará dos temas concepção de Estado e relação com o movimento sindical, transformações no mundo do trabalho, direito do trabalho e projeto nacional de desenvolvimento. Haverá cursos descentralizados destinados a dirigentes sindicais de federações e sindicatos que serão realizados entre os meses de novembro de 2008 a junho de 2009, em várias capitais dos Estados, tendo como temário concepções sindicais, origem dos sindicatos e história do movimento sindical brasileiro, transformações no mundo do trabalho e análise de conjuntura: como fazer. No período de 19 a 23 de janeiro de 2009, o curso a ser ministrado será de formação de formadores, que reunirá pessoas que tenham domínio do conteúdo e capacidade de comunicação para que chegando nos seus respectivos estados, tenham condições de organizar cursos de formação. Já em abril de 2009, o curso será de formação de coordenadores de planejamento estratégico e situacional – PES. Esses Coordenadores deverão conduzir seminários de PES em entidades sindicais que requisitarem, sobretudo nos seus respectivos estados de origem. Haverá também um seminário sobre políticas públicas e espaços institucionais.

Formação dos sindicalistas rurais

Há hoje um número significativo de entidades de trabalhadores rurais filiadas à CTB. Nesse sentido, o convênio CTB e CES prevê a realização de uma reunião com dirigentes dessas entidades para discutir o processo de formação dos sindicalistas rurais. Não se trata de realizar cursos com conteúdos específicos para trabalhadores rurais, mas sim discutir como as questões que afligem os trabalhadores rurais devem ser consideradas nos cursos. Urbanos e rurais são trabalhadores que, dentro de suas especificidades , enfrentam os graves problemas decorrentes do sistema capitalista. São explorados, com condições de trabalho precárias, precisam sempre se organizar e mobilizar para garantir direitos e para caminhar no sentido da transformação da injusta sociedade que vivemos.

Oficinas e outras atividades

Outras atividades de formação, incluindo oficinas, seminários, assessorias e outros cursos, desde que requisitados pelas entidades filiadas à CTB, poderão ser ministradas. Entre as oficinas incluem-se Saúde do Trabalhador, Formação Política e Sindical, Gestão Sindical, Trabalho e Cinema, Importância da Oratória para os Dirigentes Sindicais, Meio Ambiente, Negociação Coletiva, Questão de Gênero, Questão Racial , Juventude Trabalhadora. No que se refere aos seminários, os temas são: Relação entre Sindicato, Partido e Estado; Socialismo; Projeto Nacional de Desenvolvimento. Cursos como o Nacional de Formação de Lideranças Sindicais e Sindicalismo, Mundo do trabalho, Sociedade Brasileira, Economia brasileira e Política no Brasil poderão ser desenvolvidos. Em relação à assessoria há a que se destina às entidades filiadas para que organizem seus departamentos ou comissões de formação e a que se destina à realização do planejamento estratégico e situacional pelas entidades.

Esperamos que haja um grande envolvimento das entidades filiadas à CTB para que este convênio seja bem sucedido, ou seja, que os sindicalistas aprofundem seus conhecimentos sobre a realidade, se capacitem a estabelecer continuamente a relação entre a prática e a teoria. Se isso ocorrer com um número significativo de sindicalistas, o convênio terá atingido seus principais objetivos.

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*Augusto César Petta, É Diretor do Sindicato dos Professores de Campinas e Região, Coordenador Técnico do Centro de Estudos Sindicais-CES e Membro da Comissão Sindical Nacional do PCdoB

Vídeo do Ato de Solidariedade latino-americana

 

No dia 22 de novembro de 2008,  o PCdoB foi o anfitrião do Ato de solidariedade a América Latina, o  portal Vermelho registrou em seu site e neste belo vídeo, que fica como uma grande recordação.

EU ESTAVA LÁ , NA DELEGAÇÃO DO RIO DE JANEIRO !

Duas matérias sobre a crise econômica

Retirei estas duas matérias do Le Monde Diplomatique (Brasil).

A maioria das pessoas só estão escutando falar de crise pra cá, crise pra lá, vem desemprego, não vem desmprego, é marola, é furação, enfim, resolvi tentar entender também e saí buscando alguns textos , de gente que acho que entende, para nos explicar.

Quem tiver algum texto que não esteja em “economês” também pode mandar para cá.

abraços

TEXTO 1 – Antonio Martins (06/10/2008)

Para compreender a crise financeira

Mercados internacionais de crédito entraram em colapso e há risco real de uma corrida devastadora aos bancos. Por que o pacote de 700 bilhões de dólares, nos EUA, chegou tarde e é inadequado. Quais as causas da crise, e sua relação com o capitalismo financeirizado e as desigualdades. Há alternativas?

Depois de terem vivido uma segunda-feira de pânico, os mercados financeiros operam, hoje, em meio a muito nervosismo. A bolsa de valores de Tóquio caiu mais 3%, apesar de o Banco do Japão injetar mais 10 bilhões de dólares no sistema bancário. Na Europa, há pequena recuperação das bolsas, diante de rumores sobre uma redução coordenada das taxas de juros, pelos bancos centrais. Em contrapartida, anunciou-se que a situação do Royal Bank os Scotland (RBJ) pode ser crítica — e que outros bancos estariam sob forte pressão.

A crise iniciada há pouco mais de um ano, no setor de empréstimos hipotecários dos Estados Unidos, viveu dois repiques, nos últimos dias. Entre 15 e 16 de setembro, a falência de grandes instituições financeiras norte-americanas [1] deixou claro que a devastação não iria ficar restrita ao setor imobiliário. No início de outubro, começou a disseminar-se a sensação de que o pacote de 700 bilhões de dólares montado pela Casa Branca para tentar o resgate produziria efeitos muito limitados. Concebido segundo a lógica dos próprios mercados (o secretário do Tesouro, Henry Paulson, é um ex-executivo-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs), o conjunto de medidas socorre com dinheiro público as instituições financeiras mais afetadas, mas não assegura que os recursos irriguem a economia, muito menos protege as famílias endividadas.

Deu-se então um colapso nos mercados bancários, que perdura até o momento. Apavoradas com a onda de falências, as instituições financeiras bloquearam a concessão de empréstimos – inclusive entre si mesmas. Este movimento, por sua vez, multiplicou a sensação de insegurança, corroendo o próprio sentido da palavra crédito, base de todo o sistema. A crise alastrou-se dos Estados Unidos para a Europa. Em dois dias, cinco importantes bancos do Velho Continente naufragaram [2].

Muito rapidamente, o terremoto financeiro começou a atingir também a chamada “economia real”. Por falta de financiamento, as vendas de veículos caíram 27% (comparadas com o ano anterior) em setembro, recuando para o nível mais baixo nos últimos 15 anos. Em 3 de outubro, a General Motors brasileira colocou em férias compulsórias os trabalhadores de duas de suas fábricas (que produzem para exportação), num sinal dos enormes riscos de contágio internacional. Diante do risco de recessão profunda, até os preços do petróleo cederam, caindo neste 6/10 a 90 dólares por barril – uma baixa de 10% em apenas uma semana. A tempestade afeta também o setor público. Ao longo da semana, os governantes de diversos condados norte-americanos mostraram-se intranqüilos diante da falta de caixa. O governador da poderosa Califórnia, Arnold Schwazenegger, anunciou em 2 de outubro que não poderia fazer frente ao pagamento de policiais e bombeiros se não obtivesse, do governo federal, um empréstimo imediato de ao menos 7 bilhões de dólares.

Desconfiados da solidez dos bancos, os correntistas podem sacar seus depósitos, o que provocaria nova onda de quebras e devastaria a confiança na própria moeda. Em tempos de globalização, seria “a mãe de todas as corridas contra os bancos”

Nos últimos dias, alastrou-se o pavor de algo nunca visto, desde 1929: desconfiados da solidez dos bancos, os correntistas poderiam sacar seus depósitos, o que provocaria nova onda de quebras e devastaria a confiança na própria moeda. Em tempos de globalização, seria “a mãe de todas as corridas contra os bancos”, segundo a descreveu o economista Nouriel Roubini, que se tornou conhecido por prever há meses, com notável precisão, todos os desdobramentos da crise atual.

os primeiros sinais deste enorme desastre já estão visíveis. Em 2 de outubro, o Banco Central (BC) da Irlanda sentiu-se forçado a tranqüilizar o público, anunciando aumento no seguro estatal sobre 100% dos depósitos confiados a seis bancos. Na noite de domingo, foi a vez de o governo alemão tomar atitude semelhante. Mas as medidas foram tomadas de modo descoordenado, porque terminou sem resultados concretos, no fim-de-semana, uma reunião dos “quatro grandes” europeus [3], convocada pelo presidente francês, para buscar ações comuns contra a crise. Teme-se, por isso, que as iniciativas da Irlanda e Alemanha provoquem pressão contra os bancos dos demais países europeus, onde não há a mesma garantia. Além disso, suspeita-se que as autoridades estejam passando um cheque sem fundos. Na Irlanda, o valor total do seguro oferecido pelo BC equivale a mais do dobro do PIB do país…

Também neste caso, os riscos de contágio internacional são enormes. Roubini chama atenção, em especial, para as linhas de crédito no valor de quase 1 trilhão de dólares entre os bancos norte-americanos e instituições de outros países. É por meio deste canal, hoje bloqueado, que o risco de quebradeira bancária se espalha pelo mundo. Mesmo em países menos próximos do epicentro da crise, como o Brasil, as conseqüências já são sentidas. Na semana passada, o Banco Central viu-se obrigado a estimular os grandes bancos, por meio de duas resoluções sucessivas, a comprar as carteiras de crédito dos médios e pequenos – que já enfrentam dificuldades para captar recursos.

Em conseqüência de tantas tensões, as bolsas de valores da Ásia e Europa estão viveram, na segunda-feira (6/10) um dia de quedas abruptas. Na primeira sessão após a aprovação do pacote de resgate norte-americano, Tóquio perdeu 4,2% e Hong Kong, 3,4%. Quedas entre 7% e 9% ocorreram também em Londres, Paris e Frankfurt. Em Moscou, a bolsa despencou 19%. Em todos estes casos, as quedas foram puxadas pelo desabamento das ações de bancos importantes. Em São Paulo, os negócios foram interrompidos duas vezes, quando quedas drásticas acionaram as regras que mandam suspender os negócios em caso de instabilidade extrema. Apesar da intervenção do Banco Central, o dólar chegou a R$ 2,20.

Até o momento, tem prevalecido, entre os governos, uma postura um tanto curiosa: eles abandonam às pressas o discurso da excelência dos mercados, apenas para… desviar rios de dinheiro público às instituições dominantes destes mesmos mercados

A esta altura, todas as análises sérias coincidem em que não é possível prever nem a duração, nem a profundidade, nem as conseqüências da crise. Nos próximos meses, vai se abrir um período de fortes turbulências: econômicas, sociais e políticas. As montanhas de dinheiro despejadas pelos bancos centrais sepultaram, em poucas semanas, um dogma cultuado pelos teóricos neoliberais durante três décadas. Como argumentar, agora, que os mercados são capazes de se auto-regular, e que toda intervenção estatal sobre eles é contra-producente?

Mas, há uma imensa distância entre a queda do dogma e a construção de políticas de sentido inverso. Até o momento, tem prevalecido, entre os governos, uma postura um tanto curiosa: eles abandonam às pressas o discurso da excelência dos mercados, apenas para… desviar rios de dinheiro público às instituições dominantes destes mesmos mercados.
O pacote de 700 bilhões de dólares costurado pela Casa Branca é o exemplo mais acabado deste viés. Nouriel Roubini considerou-o não apenas “injusto”, mas também “ineficaz e ineficiente”. Injusto porque socializa prejuízos, oferecendo dinheiro às instituições financeiras (ao permitir que o Estado assuma seus “títulos podres”) sem assumir, em troca, parte de seu capital. Ineficaz porque, ao não oferecer ajuda às famílias endividadas — e ameaçadas de perder seus imóveis —, deixa intocada a causa do problema (o empobrecimento e perda de capacidade aquisitiva da população), atuando apenas sobre seus efeitos superficiais. Ineficiente porque nada assegura (como estão demonstrando os fatos dos últimos dias) que os bancos, recapitalizados em meio à crise, disponham-se a reabrir as torneiras de crédito que poderiam irrigar a economia. Num artigo para o Financial Times (reproduzido pela Folha de São Paulo), até mesmo o mega-investidor George Soros defendeu ponto-de-vista muito semelhantes, e chegou a desenhar as bases de um plano alternativo.

Outras análises vão além. Num texto publicado há alguns meses no Le Monde Diplomatique, o economista francês François Chesnais chama atenção para algo mais profundo por trás da financeirização e do culto à auto-suficiência dos mercados. Ele mostra que as décadas neoliberais foram marcadas por um enorme aumento na acumulação capitalista e nas desigualdades internacionais.

Fenômenos como a automação, a deslocalização das empresas (para países e regiões onde os salários e direitos sociais são mais deprimidos) e a emergência da China e Índia como grandes centros produtivos rebaixaram o poder relativo de compra dos salários. O movimento aprofundou-se quando o mundo empresarial passou a ser regido pela chamada “ditadura dos acionistas”, que leva os administradores a perseguir taxas de lucros cada vez mais altas. O resultado é um enorme abismo entre a a capacidade de produção da economia e o poder de compra das sociedades.

Na base da crise financeira estaria, portanto, uma crise de superprodução semelhante às que foram estudadas por Marx, no século retrasado. Ao liquidar os mecanismos de regulação dos mercados e redistribuição de renda introduzidos após a crise de 1929, o capitalismo neoliberal teria reinvocado o fantasma. Se todos tivermos direito a uma vida digna, quem se preocupará em acumular dinheiro?

Marx via nas crises financeiras os momentos dramáticos em que o proletariado reuniria forças para conquistar o poder e iniciar a construção do socialismo. Tal perspectiva parece distante, 125 anos após sua morte.

 A China, que se converteu na grande fábrica do mundo, é governada por um partido comunista. Mas, longe de ameaçarem o capitalismo, tanto os dirigentes quanto o proletariado chinês empenham-se em conquistar um lugar ao sol, na luta por poder e riqueza que a lógica do sistema estimula permanentemente.
Ao invés de disputar poder e riqueza com os capitalistas, não será possível desafiar sua lógica?

O sociólogo Immanuel Wallerstein, uma espécie de profeta do declínio norte-americano, defendeu esta hipótese corajosamente no Fórum Social Mundial de 2003 – quando George Bush preparava-se para invadir o Iraque e muitos acreditavam na perenidade do poder imperial dos EUA. Em outro artigo, publicado recentemente no Le Monde Diplomatique Brasil, Wallerstein sugere que a crise tornará o futuro imediato turbulento e perigoso. Mas destaca que certas conquistas sociais das últimas décadas criaram uma perspectiva de democracia ampliada, algo que pode servir de inspiração para caminhar politicamente em meio às tempestades. Refere-se à noção segundo a qual os direitos sociais são um valor mais importante que os lucros e a acumulação privada de riquezas. Vê nos sistemas públicos (e, em muitos países, igualitários) de Saúde, Educação e Previdência algo que pode ser multiplicado, e que gera relações sociais anti-sistêmicas. Se a lógica da garantia universal a uma vida digna puder ser ampliada incessantemente; se todos tivermos direito, por exemplo, a viajar pelo mundo, a sermos produtores culturais independentes e a terapias (anti-)psicanalíticas, quem se preocupará em acumular dinheiro?

O neoliberalismo foi possível porque, no pós-II Guerra, certos pensadores atreveram-se a desafiar os paradigmas reinantes e a pensar uma contra-utopia. Num tempo em que o capitalismo, sob ameaça, estava disposto a fazer grandes concessões, intelectuais como o austríaco Friederich Hayek articularam, na chamada Sociedade Mont Pelerin, a reafirmação dos valores do sistema [4]. Seus objetivos parecem hoje desprezíveis, mas sua coragem foi admirável. Eles demonstraram que há espaço, em todas as épocas, para enfrentar as certezas em vigor e pensar futuros alternativos. Não será o momento de construir um novo pós-capitalismo?

[1] Em 12/9, o banco de investimentos Lehman Brothers quebrou, depois que as autoridades monetárias recusaram-se a resgatá-lo. No mesmo dia, o Merrill Lynch anunciou sua venda para o Bank of America. Em 15/9, a mega-seguradora AIG (a maior do mundo, até há alguns meses) anunciou que estava insolvente, sendo nacionalizada no dia seguinte com aporte estatal de US$ 85 bilhões
[2] O Fortis foi semi-nacionalizado pelos governos da Holanda, Bélgica e Luxemburgo. O Dexia recebeu uma injeção de 6,4 bilhões de euros, patrocinada pelos governos da França e Bélgica. O Reino Unido nacionalizou o Bradford & Bingley (especialista em hipotecas), vendendo parte de seus ativos para o espanhol Santander. O Hypo Real Estate segundo maior banco hipotecário alemão entrou numa operação de resgate cujo custo podia chegar a 50 bilhões de euros, mas cujo sucesso ainda não estava assegurado, em 5/9. A Islândia nacionalizou o Glitnir, seu terceiro maior banco
[3] Alemanha, França, Reino Unido e Itália, os membros europeus do G-8
[4] Sobre a contra-utopia hayekiana, ler, no Le Monde Diplomatique, “Pensando o Impensável” , de Serge

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TEXTO 2 – José Luís Fiori (14/09/2008)

A moeda, o crédito e o capital financeiro


A estatização das gigantes do crédito imobiliário nos EUA reensina: ao contrário do que crê a teoria econômica convencional, poder estatal e mercado não estão em conflito, no capitalismo. A “memorável aliança”, entre eles encontra-se origem do sistema e segue movendo sua expansão no século 21

Todas as moedas são símbolos,e o seu peso ou composição não tem maior importância.
O que de fato importa é o nome ou o poder de quem a emite”.
(Mitchell Innes, What is money,Banking Law Journal 1913, May, p: 382)

Para surpresa dos ideólogos, os Estados Unidos acabam de dar uma aula, curta, sintética e brilhante, sobre a natureza do capitalismo, e sobre o funcionamento dos seus mercados. Com poucas palavras, o governo americano anunciou, nesta última semana, a estatização das duas maiores empresas de financiamento hipotecário dos EUA — a Fannie Mae e a Freddie Mac — criadas pelo Estado, em 1938 e 1970, e depois privatizadas, com o objetivo de diminuir os gastos públicos e aumentar a concorrência setorial. Ao anunciar sua decisão, o secretário do Tesouro prometeu injetar até U$ 200 bilhões dos contribuintes nas duas empresas, que controlam metade do mercado de hipotecas dos EUA, estimado em 12 trilhões de dólares. Mas não é só isto: nos últimos meses, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) financiou a aquisição do banco Bear Stearns pelo J.P. Morgan; criou uma nova linha de financiamento para firmas externas ao setor bancário; e colocou seus “inspetores” para controlar os bancos de investimento. Enquanto o Congresso norte-americano aprovava, no último dia 30 de julho, a Lei para a Recuperação da Economia e do Setor Imobiliário, e discutia uma nova regulamentação rigorosa e detalhada do mercado financeiro americano. E agora, mais recentemente, o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, propôs diretamente a criação de uma nova agencia estatal de analise de risco das empresas privadas. Ou seja, de todos os lados está vindo o mesmo sinal: como diz o jornal Financial Times, “no conflito perene entre a política e o mercado, não há duvida, que neste momento, a política está por cima” [1].

Enquanto isto, os analistas econômicos batem cabeça, há mais de um ano, sem conseguir explicar a natureza, a extensão e o futuro da crise hipotecária americana. Talvez, porque todos compartilham, de uma forma ou outra, a mesma tese do Financial Times: a idéia equivocada de que existe um “conflito perene”, entre a Política e o Mercado. Apesar de que a história da formação dos mercados e do capitalismo aponte na direção oposta, de uma solidariedade essencial e originária entre o poder, o mercado e os capitais privados. Uma história que começa por volta do século 14, com o poder arbitrário dos príncipes que definiam, de forma soberana, o valor dos tributos que deviam ser pagos pelos seus súditos, e ao mesmo tempo, definiam o valor da moeda que cunhavam para pagamento dos seus próprios tributos. E mesmo quando circulavam outra moedas e títulos privados, dentro do seu “principado”, eles sempre eram referidos, em última instancia, ao valor da moeda soberana. Este “circuito” inicial se complicou com a expansão das guerras e a necessidade dos príncipes recorrerem ao endividamento, criando a dívida publica negociada pelos comerciantes-banqueiros, num mercado cada vez mais extenso de títulos e moedas. Foi assim que nasceu o capital financeiro, através da senhoriagem entre as moedas e títulos das unidades soberanas do mundo medieval.

Desde 1973, o sistema monetário internacional “dólar-flexível” não tem nenhum padrão metálico de referência. Uma nova “revolução financeira” provocou uma espécie de retorno às origens da relação entre o poder, a moeda e o crédito

O passo seguinte desta história aconteceu nos séculos 17 e 18, com o nascimento dos primeiros Estados nacionais e com a “revolução financeira” que mudou a face do capitalismo europeu. Esta revolução começou na Holanda, no século 17 e se completou na Inglaterra, no século 18.

Os dois países centralizaram seus sistemas de tributação e criaram bancos públicos responsáveis pela administração conjunta da dívida soberana, na forma de bônus do Estado, e da dívida privada, na forma de letras de cambio, que se transformam na base de um sistema de crédito cada vez mais elástico, criativo e diversificado — mas sempre referido, em última instancia, à moeda de conta nacional.

E não há duvida que a fusão entre esta nova finança holandesa e inglesa, a partir de 1689, teve um papel decisivo no fortalecimento e na vitória colonial da Inglaterra, e na projeção internacional da moeda inglesa, a Libra, que foi hegemônica em todo o mundo até sua “quase-fusão’ com o Dólar norte-americano, durante o século 20. Numa espécie de sucessão “hereditária”, que partiu da Holanda e da Inglaterra, e se prolongou nos Estados Unidos, mantendo a supremacia monetário-financeria anglo-saxônica, inquestionável durante os quatro séculos de história deste sistema mundial que foi criado a partir da expansão política e econômica da Europa.

Durante o período em que a “moeda internacional” teve uma base metálica, a Libra e o Dólar também tiveram uma restrição financeira intransponível, imposta pela necessidade de equilíbrio do balanço de pagamentos do país emissor da moeda de referencia Mas depois do fim do sistema de Bretton Woods, em 1973, esta restrição desapareceu, com o novo sistema monetário internacional “dólar-flexível” que não tem nenhum tipo de padrão metálico de referencia. Neste sentido, pode-se dizer que houve uma nova “revolução financeira” na década de 1980, que provocou uma espécie de retorno às origens da relação entre o poder, a moeda e o crédito.

Os EUA voltaram a definir, de forma soberana e isolada, o valor da sua moeda, apesar de que ela já fosse a moeda internacional, e também o valor dos seus títulos da dívida pública, apesar de que eles se tenham se transformado na base de referencia da própria moeda. Além disto, o governo americano desregulou seus mercados financeiros, e com isto liberou a expansão quase infinitamente elástica do crédito, longe do mundo das mercadorias e do “valor-trabalho”, e limitado apenas pela capacidade de tributação e endividamento do próprio Estado americano, que ainda é um poder em expansão, e que ganha mais poder, com o fortalecimento do seu crédito internacional, e do seu capital financeiro. Neste sistema, portanto, não existe um “conflito perene” entre a política e o mercado, como pensa a teoria econômica convencional. O que existe e sempre existiu é uma “memorável aliança”, entre o poder e a finança, que esteve na origem do capitalismo, e do “milagre europeu”, segundo Max Weber — e que segue movendo a fronteira expansiva do sistema inter-estatal capitalista, neste início do século 21.

[1] Plender, J., in Financial Times, 21 de Agosto de 2008

A um ausente – Drummond

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,

enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Bancários terão audiência com Lula,dia 26/11

Tenho um carinho muito especial por esta categoria.

Minha história está ligada , de forma muito forte, a ela. Fui bancária durante 7 anos mas foi lá, no Banerj que despertei para luta de classe em 1989.  Fui delegada sindical 3 anos da agência onde trabalhava, mais tarde fiz parte da executiva municipal dos funcionários do Banerj.

O processo de liquidação que passou o banco para depois vivermos o período de privatização, em pleno vigor neoliberal foi uma experiência de vida inesquecível mas reverteu-se para mim em aprendizado de vida e luta.  A partir disto construi meu projeto de dissertação  que defendi pela Universidade Federal Fluminense em 2003.

Aos poucos farei alguns artigos sobre os bancários e publicarei aqui. Podem cobrar !

É isso aí companheiros ! sejam firmes amanhã.

Saudações

Márcia

Matéria do Portal vermelho
24 DE NOVEMBRO DE 2008 – 21h23

Bancários pautarão empregos e fusões na audiência com Lula
A principal engrenagem da economia, os empregos, pode estar injustamente ameaçada pela crise. Embora o governo tenha tomado medidas para garantir a injeção de bilhões na economia, pouco se fez, até agora, para preservar o emprego e a renda do trabalhador. Esse é um dos assuntos, assim como os reflexos das fusões no sistema financeiro, que serão levados na audiência sobre a crise econômica do presidente Lula com os movimentos sociais, a se realizar nesta quarta-feira (26), em Brasília.

Só com a mudança no recolhimento do compulsório para os bancos, foram disponibilizados R$ 56 bilhões com o objetivo de manter a oferta de crédito e a economia aquecida. Parte desse dinheiro deve ser utilizado pelas grandes instituições financeiras para adquirir as carteiras dos bancos médios, que estão em maior dificuldade, de forma que o crédito chegasse aos cidadãos.

”Até aí, tudo certo, não fosse por um detalhe fundamental: os recursos foram liberados sem qualquer contrapartida social”, afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino.

As demissões nos bancos menores, por exemplo, que atuam principalmente na área de Crédito Direto ao Consumidor, subiram 104% em dois meses. Em setembro, foram homologadas 159 demissões no Sindicato. Em outubro, mais 324.

Neste mês, o ritmo continua elevado: até o dia 14, já eram 225 os demitidos. No ano passado, em setembro e outubro, foram registradas 222 dispensas no total. E o número de demissões pode ser ainda maior, já que só são feitas no Sindicato somente as homologações de trabalhadores com mais de um ano de casa. Estima-se que um universo de 50 bancos médios empregue cerca de 20 mil bancários, dentre os 120 mil que atuam em São Paulo, Osasco e região.

”Os bancários vão reivindicar ao presidente Lula que nas medidas provisórias que tratam da venda de carteiras dos bancos esteja prevista a preservação dos empregos. E que os trabalhadores demitidos tenham preferência em uma possível recontratação”, disse Marcolino. ”É inaceitável que os bancos usufruam das ações do governo para garantir seus ganhos e não tenham nenhuma responsabilidade com o emprego”, reiterou o presidente do Sindicato.

Fusões

As fusões que estão acontecendo no sistema financeiro: Santander e Real, Itaú e Unibanco, além de Banco do Brasil e Nossa Caixa, trazem preocupações aos bancários.
”Os processos de fusão e aquisição entre bancos são traumáticos para a categoria. Na década de 1990 vários postos de trabalho foram exterminados”, diz Marcolino, lembrando que em 1989 havia mais de 500 mil bancários e, dez anos depois, eram pouco mais de 290 mil.

”Com o tempo e muita luta da categoria, esses empregos foram retomados e hoje voltamos à casa dos 430 mil bancários no Brasil. Mas isso ainda é pouco. Há excesso de trabalho, de horas extras, e muita fila nos bancos. Fatos que, somados aos excelentes resultados do setor mesmo em tempos de crise, indicam não haver nenhuma razão para demissões”, completou Marcolino.

Cobrar contrapartidas sociais das empresas também fará parte das reivindicações que serão defendidas na Marcha Nacional dos Trabalhadores a Brasília, no dia 3 de dezembro. Participam os trabalhadores das seis centrais sindicais CUT, Força, CGTB, CTB, NCST e UGT.
Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região